12 de agosto de 2015

A Reviravolta

A vontade de sumir só aumentava depois que descobri aquela traição. Foi muito sem querer. Se não fosse pela ligação dela no meio da noite e minha curiosidade mórbida de descobrir sobre o que falavam, nunca iria adivinhar que aquele com quem dividia a vida estava - sem a menor culpa - tendo um caso com outra mulher.
Perdoar foi fácil, já que guardar rancor nunca foi uma especialidade minha. Contudo, voltar a confiar era a questão em si.
Continuamos morando juntos. Voltar para casa dos meus pais que tanto odiaram nosso matrimônio estava fora de questão Não podia me dar ao luxo de ir para um apartamento só meu. Não com as despesas da faculdade. 
Ele estava sentimental. Todos os dias me trazia flores ou chocolates. Mesmo com todos os mimos e desculpas, era impossível deixar de imagina-lo com outra pessoa, contando piadas pós-foda num quarto de um motel qualquer. Eu por outro lado estava cada vez mais fria e distante. Não conseguia pensar em outra coisa a não ser sair correndo daquele ninho de falsidade.
Aguentei mais algumas semanas, chorando todos os dias sozinha, para que ele não visse minha fraqueza. Aos poucos ele começou a chegar tarde do trabalho. Na maioria das vezes fedendo a bebida ou com cheiro forte de um perfume enjoativamente doce. 
Na última noite, explodi. Gritamos e jogamos coisas um no outro. Ele saiu pela porta extremamente nervoso enquanto eu chorei abraçada ao travesseiro até dormir. Durante a madrugada, ele voltou, deitou-se ao meu lado em silêncio. Nos beijamos apaixonadamente e fizemos amor como a muito não acontecia. 
No dia seguinte, arrumei minhas coisas enquanto ele ainda dormia, peguei o carro e fui para estrada a tempo de ver o sol raiar para uma nova vida.

Um comentário:

SkeeterRayo disse...

WOOW! Ótimo!

Parafraseando um post que vi outro dia...
"Já li o livro, agora, aguardo o filme!". rsrs

Muito bom mesmo!

^^

Skts