29 de maio de 2018

Monotonia

Ela acordou com sono, cansada e morrendo de vontade de voltar para a cama. Desligou a terceira soneca do alarme que gritava no criado mudo, levantou e foi tomar um banho corrido, pois sabia que já estava atrasada. Se arrumou as pressas dando preferência ao all star velho, calça jeans surrada e um casaquinho leve, despejou comida demais no pote do gato gordo, coçou-lhe as orelhas e saiu para a manhã ensolarada de mais uma sexta-feira. 
No caminho para o trabalho, dentro do ônibus lotado, refletiu sobre seus planos para a noite. Pensou em chamar sua melhor amiga para sair e tomar uma cerveja, ou visitar sua mãe, ou ver um filme com o namorado. Decidiu que voltar para casa e dormir era a melhor opção. Sentiu por um breve momento a tristeza da monotonia passando por seu interior, mas a sensação foi substituída pelo costumeiro vazio e indiferença. 
No trabalho, riu e conversou com as colegas, sentiu raiva de alguns problemas e morreu de vontade de jogar tudo para o alto e ir para casa dormir. Não o fez. Finalizou o expediente e caminhou até o ponto de ônibus quase feliz por estar voltando para o seu porto seguro. O ônibus ainda mais cheio do que de costume e o trânsito, a fizeram refletir novamente da razão de tudo isso. Porque passar por desconfortos como esses. Porque simplesmente não escolher outro lugar para morar e ir trabalhar de bicicleta. 
Os resquícios de bom humor foram perdidos quando percebeu o tempo que passou no trânsito da caótica cidade. Seu plano de curtir uma noite solitária seria um pouco mais curta. Passou no mercadinho perto de casa, comprou um vinho barato e alguns snacks para disfarçar a fome noturna. 
Ao chegar, se aconchegou em sua cama, ligou o Netflix, serviu uma taça da bebida e deixou algumas lágrimas rolarem. Não sabia exatamente o porquê, mas o vazio constante e a necessidade de mudar pareciam bons motivos para o breve choro. 
Mais uma noite de sexta-feira. Mais um dia. Mais uma vida.

11 de maio de 2018

No, i'm not OK

Eu andava cada vez mais triste. O cansaço emocional estava estampado no meu rosto, nas minhas atitudes e nas tarefas diárias. As pessoas perguntavam e eu sempre mentia que estava bem. Apesar de tudo contradizer minhas palavras, elas aceitavam a resposta e seguiam com suas vidas, talvez porque no fundo não se importem realmente. E tudo bem.