5 de outubro de 2019

Algumas coisas não se cobram

Há anos uma amiga já não tão próxima comentou sobre o que devemos cobrar ou não das pessoas que amamos. Tenho um senso de urgência em sempre estar disponível para todos os entes, perdoando facilmente quando me magoam e me preocupando com o bem estar de cada um. Acontece que nunca senti reciprocidade, e isso me corrói.
Tento diariamente priorizar minha saúde mental e mesmo que absolutamente ninguém esteja disponível para mim, busco me divertir comigo mesma. As vezes, da certo. Principalmente em dias frios onde não sinto necessidade de sair debaixo das minhas cobertas, tampouco socializar. Apenas uma maratona de série e alguns doces me satisfazem. Talvez por isso ame tanto o inverno.
Em dias quentes, vejo todos ao meu redor fazendo planos que não me incluem. É difícil não levar para o lado pessoal. De novo, não desisto e tento ser feliz sozinha, mas não consigo. Em minha cabeça, devo ser insuportável, afinal até a pior das pessoas tem ao menos um amigo para sentar na calçada e rir da vida. Enquanto eu, estou sempre sozinha com meus pensamentos tristes.
O aperto no coração é tão grande que as lágrimas correm sem que eu note. A solidão é um aperto na garganta que te impede de respirar, sabe?!
Tento não pensar, mas os terríveis questionamentos sobre "será que eu faria falta" me atormentam.

Meus finais de semana tem sido assim: às sextas, meu travesseiro é meu colo. Choro até dormir. Acordo três ou quatro vezes com os vizinhos se divertindo, deixo mais algumas lagrimas rolarem e finalmente adormeço com os olhos ardendo. 
Sábados costumam começar renovados, mas as redes sociais mostrando a felicidade alheia da noite anterior, me destroem. Como as pessoas conseguem ser tão felizes enquanto alguém está questionando sua existência no escuro do quarto? Cadê a empatia? Cadê as pessoas que dizem me amar?
E Então, o temido domingo. 
Domingos costumam ser entorpecentes. Passo por eles no mais completo automático, vagando pela casa com o estomago transbordando angústia, mas não há mais lágrimas ou forças para chorar. O dia se arrasta e a noite chega como uma fumaça sufocante e fria. Domingos são os piores dias porque cai a ficha de que ninguém se importa. Nunca. Jamais. E que você está boiando num mar cinza e completamente só. 

Têm sido dias difíceis...