20 de janeiro de 2020

De novo eu

Não quero te assustar. Não quero assustar ninguém. Me mata saber que há pessoas que se preocupam comigo a ponto de fazer com que não possa ser honesta sobre o que estou sentindo, mas preciso falar.
Meu cansaço está tão forte que não consigo me equilibrar em pé. Me arrasto pelos lugares como num sonho e, mesmo quando durmo por horas, acordo exausta com a sensação de que poderia dormir para sempre. 
Olho no espelho e não gosto do que vejo. Minha aparência me enoja, faz com que eu queira me esconder no escuro, onde ninguém me veja. Nem mesmo eu.
Meus planos se dissipam no ar como névoa. Tento ver um futuro, mas não consigo. Acho que sou uma farsa, uma piada de mal gosto, um ser que não merece importância. 
Fecho meus olhos e a angustia me corrompe. 
Hoje eu chorei pela primeira vez desde o começo de tudo isso. Foi um choro pesado, aflito. Não aliviou. Talvez tenha piorado.
Abracei a mim mesma para fazer meu corpo parar com os espasmos e tapei minha boca com o punho para não deixar os ruídos saírem. Chorei como uma mãe que perde seu filho e me senti pior por achar que tenho esse direito. Esse sofrimento não é meu por direito. Há pessoas com motivos mais condizentes para chorar desta forma. Mas meu coração dói e não posso controlar.
Sinto que estou me afogando, sem ar e sem ninguém para me salvar. A solidão, a melancolia, a sensação de domingo a noite perduram por dias. Não há quem se importe o suficiente para ouvir, sentir, segurar minha mão.
Os que me amam, preferem se afastar. Eu também prefiro. Já acostumei a ser posta de lado. Drama? Necessidade de atenção? Talvez sim.
Quem sabe um dia melhore.

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