Um dia desses me perguntaram qual é o meu momento preferido do dia. Pega desprevenida, não soube responder imediatamente. Afinal, os dias são intermináveis rotinas vividas no modo automático.
O questionamento me trouxe a reflexão de olhar com carinho os meus movimentos diários e prestar atenção nas coisas simples. Algumas semanas depois desta mudança, percebi que a minha ansiedade não estava tão aflorada como de costume.
Antes de me perder nas palavras, trago-me de volta ao foco: ontem, por volta das 18h e envolta em pensamentos, fiz o caminho do ponto de ônibus até em casa e reparei pela primeira em uma realidade que sempre esteve ali. O cheiro da janta sendo preparada nas casas, as pessoas passeando com seus cachorros, o som do telejornal da noite e, é claro, das crianças retornando para seus lares depois da escola.
Elas, ao contrário de mim, não prestavam atenção aos detalhes. Estavam preocupadas em falar alto sobre o dia com os colegas, chutar bolinhas de papel, brincar e sorrir. Todas naquela saudosa energia de deixar escola barulhenta e começar a rotina da noite.
Me lembrei de voltar do colégio ansiosa para contar todos os detalhes da aula para minha mãe que, a essa hora, estava preocupada em não deixar o arroz queimar e garantir que os filhos tomassem banho antes de deitar no sofá.
Era uma alegria saber que a janta seria frango frito. Alegria maior era saber que o dia seguinte seria feriado ou fim de semana. A recompensa por comer toda a comida do prato era poder brincar no computador antes de ir dormir.
Perdida nas lembranças, me encontrei sorrindo, mesmo depois de um dia longo no trabalho. Ah, a infância...
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