Havia semanas que ele estava estranho, distante, talvez mais
frio e muito pensativo. Já não existiam conversas saudáveis e duradouras, a
casa estava diferente, menos viva do que de costume. Ela no entanto, não
desistira. Tentava de toda forma ajudar, mesmo no fundo sabendo que não
importava, nada do que diria ou faria mudaria uma decisão já tomada por ele.
A última sexta-feira foi o ápice, ele gritou, ela xingou,
ambos choraram. Era o fim? Talvez. O sábado raiou ensolarado e quente, o clima
mudou. A amizade estava no ar, as brincadeiras voltaram e a esperança da moça
também. As olheiras da noite anterior já não eram tão evidentes diante de
tantos sorrisos. Foi um final de semana lindo, melhor do que qualquer um que
tenham tido nos últimos tempos. Pobre inocência, pobre garota...
Ele se foi numa terça gelada. Simplesmente foi. Ela chegou
cansada do trabalho, louca para contar como foi seu dia e ouvir, porém, ao ver
que a casa estava vazia soube. Soube que seu grande amor a tinha deixado para
sempre. Deixou seu corpo cair num choro silencioso e desesperador, o vazio se
espalhava com a rapidez de um tiro por dentro de seu pequeno corpo tremulo.
A menina/mulher levantou-se e andou pelo que a tão pouco
tempo tinha sido seu lar, percebeu que não haviam mais roupas, sentimentos ou
calor. Apenas frio, concreto, vazio. Não chorou, tão corajosa... De tão
calejada na vida, soube que iria se reerguer. Adormeceu abraçada ao travesseiro
dele, sequer reparou na carta de despedida que jazia em frente ao quadro do
casal na sala de estar.
Leia ouvindo:
Um comentário:
E num choro silencioso, dolorido e solitário, na calada de uma noite fria, ela chora em ler esta linda homenagem.
<3
simplesmente perfeito!
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