25 de março de 2015

O Último Adeus

Havia semanas que ele estava estranho, distante, talvez mais frio e muito pensativo. Já não existiam conversas saudáveis e duradouras, a casa estava diferente, menos viva do que de costume. Ela no entanto, não desistira. Tentava de toda forma ajudar, mesmo no fundo sabendo que não importava, nada do que diria ou faria mudaria uma decisão já tomada por ele.
A última sexta-feira foi o ápice, ele gritou, ela xingou, ambos choraram. Era o fim? Talvez. O sábado raiou ensolarado e quente, o clima mudou. A amizade estava no ar, as brincadeiras voltaram e a esperança da moça também. As olheiras da noite anterior já não eram tão evidentes diante de tantos sorrisos. Foi um final de semana lindo, melhor do que qualquer um que tenham tido nos últimos tempos. Pobre inocência, pobre garota...
Ele se foi numa terça gelada. Simplesmente foi. Ela chegou cansada do trabalho, louca para contar como foi seu dia e ouvir, porém, ao ver que a casa estava vazia soube. Soube que seu grande amor a tinha deixado para sempre. Deixou seu corpo cair num choro silencioso e desesperador, o vazio se espalhava com a rapidez de um tiro por dentro de seu pequeno corpo tremulo.
A menina/mulher levantou-se e andou pelo que a tão pouco tempo tinha sido seu lar, percebeu que não haviam mais roupas, sentimentos ou calor. Apenas frio, concreto, vazio. Não chorou, tão corajosa... De tão calejada na vida, soube que iria se reerguer. Adormeceu abraçada ao travesseiro dele, sequer reparou na carta de despedida que jazia em frente ao quadro do casal na sala de estar.

Leia ouvindo:

Um comentário:

verônica disse...

E num choro silencioso, dolorido e solitário, na calada de uma noite fria, ela chora em ler esta linda homenagem.
<3
simplesmente perfeito!